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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Comprar a paz com os professores?

Sócrates dixit: se tiver a maioria absoluta nas próximas legislativas, não vai ter que comprar a paz com os professores.

Está redondamente enganado: mesmo que lhe suceda a desgraça de ter maioria absoluta na próxima legislatura (a maioria relativa convir-lhe-ia muito mais), vai ter que comprar a paz com os professores. E vai ter que comprá-la cara: há um ano, ter-lhe-ia ficado relativamente barata, mas desde então o preço não tem parado de crescer.

O mesmo com os juízes, os médicos e as classes profissionais em geral: a parte activa, politicamente sofisticada, socialmente consciente, eticamente responsável e civicamente empenhada da Sociedade Civil a que Sócrates chama, depreciativamente, as "corporações".

Muita sorte terá Sócrates se não tiver que comprar a paz com as classes médias em peso: aí é que o preço seria tão alto que pagá-lo representaria a falência política não só de Sócrates, mas do projecto político que ele encabeça dentro do PS; e quem sabe se não a falência política do próprio PS. E se isto parece exagero, os socialistas que olhem para o PSD: quem vê as barbas do vizinho a arder põe as suas de molho.

4 comentários:

RioDoiro disse...

JLS:

"E vai ter que comprá-la cara: há um ano, ter-lhe-ia ficado relativamente barata, mas desde então o preço não tem parado de crescer."

Foi o que sempre aconteceu. A "dignificação" da carreira significou apenas e sempre isso: mais dinheiro.

Se os salários pudessem subir 10 ou 20%, até a avaliação seria aceite.

João Jardim faz o mesmo.

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Anónimo disse...

PND questiona PR por patrocinar associação liderada Rendeiro

O Partido da Nova Democracia (PND) questiona a Presidência da República por patrocinar os Empresários pela Inclusão Social, um organismo dirigido pelo ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, que «não dignifica o combate à exclusão social».
«A grave situação que atravessam os clientes do BPP, bem como as notícias entretanto difundidas sobre indícios de gestão danosa levada a cabo por João Rendeiro implica que questionemos a Presidência da República sobre o facto de esta patrocinar um organismo de combate à exclusão social, que tem como uma das principais figuras o ex-presidente do BPP«, refere o PND, em comunicado.

O mesmo documento refere que «João Rendeiro não pode ter o seu nome associado a uma meritória iniciativa da Presidência da República« e apelam à demissão do ex-presidente do BPP da direcção daquele organismo ou à desvinculação da Presidência da República de Rendeiro.

«Se ainda não se demitiu João Rendeiro deve fazê-lo e se o não fizer espera-se que a Presidência da República se desvincule da sua pessoa«, defende o líder demissionário do PND, Manuel Monteiro.

O partido defende que «o poder político, directa ou indirectamente, não pode continuar a patrocinar figuras de comportamento duvidoso« e que as instituições de combate à pobreza «não podem servir, em nenhuma circunstância, para branquear atitudes e tão pouco para favorecer quem nelas se inclui«.

O grupo de Empresários para a Inclusão Social foi criado em 2006 e tem João Rendeiro como presidente da direcção.

Diário Digital / Lusa

PS: Esta Associação é patrocinada (também) pela ministra da Educação.

WWW.EPIS.PT

Anónimo disse...

Caro Range-o-Dente:

Não conheço todos os professores e admito que muitos, ou mesmo a maioria, se deixassem comprar por um aumento de 10% ou 20% no salário.

O preço a que eu me refiro no meu post, porém, não é em dinheiro, é em poder. Os professores estão a ser proletarizados (defino "proletário" como todo aquele que não controla as condições do seu trabalho).

A janela de oportunidade para os governos procederem a essa proletarização esteve a alargar-se durante trinta anos, e o poder aproveitou-a bem. Desde há cerca de um ano, talvez de dois, com a insurreição generalizada das classes médias, está-se a fechar de novo um pouco por todo o mundo.

Os factos são os factos: com maioria absoluta ou sem ela, o Governo precisa mais da paz com os professores do que os professores precisam da paz com o Governo (a menos que seja intenção do Governo abolir a escola pública, mesmo na vertente estritamente "qualificadora" que o poder económico lhe exige); essa paz terá que ser comprada, e o seu preço aumenta dia a dia; e se não puder ser comprada em dinheiro, terá que ser comparada noutra moeda.

Pode ter a certeza que José Sócrates já entendeu isto, e está a contar os minutos até poder fazer cedências - sabendo que estas serão tanto maiores, quanto mais tarde forem feitas.

RioDoiro disse...

... em boa verdade parece-me que o governo já nada tem para governar porque o país está falido.

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