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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A Escola Pública modelo OCDE

Todos a conhecemos. É a que se tem vindo a impor há cerca de trinta anos, não só em Portugal, mas por toda a Europa. É uma escola igualitarista (procura-se que todos obtenham o mesmo "sucesso" sem ter em conta, nem as suas capacidades nem o seu empenho), mas não democrática (dificulta cada vez mais a ascensão cultural e social dos alunos); indisciplinada (os alunos não podem ser recompensados nem punidos e as suas acções não têm consequências) mas totalitária (em cada programa de cada disciplina, a parte destinada à promoção dum pensamento único é mais vasta do que aparte destinada aos respectivos conteúdos); é uma escola que faz prevalecer a aprendizagem através da descoberta sobre a aprendizagem através da instrução (sobre a eficácia relativa dos dois métodos, ler aqui o que Nuno Crato tem a dizer), que desdenha o ensino, a aprendizagem e o conhecimento a favor das competências e da qualificação; é uma escola burocratizada, normalizada e desumanizada que não tem outro objectivo que não seja fabricar a mão-de-obra barata do futuro.

Este modelo de escola propagou-se como uma epidemia pelos continentes europeu e americano. Demorou décadas a impor-se porque teve que lutar contra a natural resistência de muitos pais - que ainda vêem na Escola Pública um instrumento de ascensão social e não, como quer o poder, de perpetuação de castas - e de muitos professores, vinculados, por vezes de um modo quase inconsciente mas muito profundo, a princípios deontológicos antagónicos à vontade do poder político e económico.

A velocidade desta propagação variou muito, na Europa, de país para país. Nos países onde existem Ministérios da Educação centralizados, a epidemia encontrou o vector de propagação ideal. Onde não há Ministérios da Educação, as Escolas e as comunidades em que estão inseridas tiveram tempo de desenvolver anti-corpos que lhes permitem ter ainda uma Escola Pública de qualidade aceitável.

Quem rejeitou de todo estas tretas foram os países asiáticos: Singapura, Taiwan, o Japão, a Índia, a China. Dizem-nos os economistas que o poder político e económico se está a transferir para a Ásia, e dão para esta transferência toda a sorte de razões económicas, políticas e geopolíticas; mas eu pergunto a mim mesmo se o facto de termos feito, há trinta anos, a opção errada em matéria de política educativa, e de ainda hoje persistirmos nela, não terá contribuído também, e não estará ainda a contribuir, para a nossa decadência geopolítica, económica e, pior que isso, civilizacional.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimos.
Gostei imenso do que li...
Identifico-me com a quase totalidade das ideias expressas nos vários textos que tive oportunidade de ler...
Nem mesmo a extensão de alguns me demoveu de chegar ao fim. Valem por cada parágrafo que têm...
A luta continua... À esquerda ou à Direita, há que mandar estes senhores governar o Afeganistão... Transformar Portugal numa "República de Bananas" é que não.
Estamos na mesma linha. O combate a esta ministra e a este Ministério é uma prioridade. Porque... "Não calarei a minha voz... até que o teclado se rompa" continuarei a minha luta em http://ferreirablog.blogs.sapo.pt.
Um bem-haja pela persistência... Não baixem as armas. Nós não o faremos...! Sem outros igualmente irreverentes o 25 de Abril estaria ainda por realizar. Esta Ministra tem por objectivo o sistema educativo que Abril ajudou a renascer. Os nossos filhos e os filhos dos portugueses (mesmo daqueles que não nos compreendem ou que não querem compreender) merecem a nossa persistência... Não desistamos... A luta continua!...

Anónimo disse...

"Onde não há Ministérios da Educação, as Escolas e as comunidades em que estão inseridas tiveram tempo de desenvolver anti-corpos que lhes permitem ter ainda uma Escola Pública de qualidade aceitável."

A salvação da escola pública está na comunidade.

Goretti disse...

O blog O Cartel deseja a todos um Bom Natal e um Feliz 2009.