O grande problema dos professores no que diz respeito a alianças políticas é que, em Portugal, tanto a Direita como a Esquerda que nos poderiam apoiar (isto é, cujas agendas têm zonas de intersecção com a nossa) são claramente minoritárias. Quase não existe uma Direita dos Valores para quem o serviço público e a continuidade das instituições (entre elas a escola) sejam importantes; e a que existe não tem expressão partidária, tendo os seus representantes sido ostracizados há muito tempo, quer do PP, quer do PSD. Existe muita gente na nossa classe política a dizer que a Escola deve transmitir valores, mas parece não ocorrer a ninguém que o valor que lhe compete transmitir antes de mais é a racionalidade. A Direita que predomina no nosso País é a dos interesses, e essa tem uma agenda que é claramente antagónica à dos professores, como já referi antes.
Também a Esquerda republicana e laica, herdeira do Iluminismo, tem estado em regressão. Esta esquerda constituiu em tempos uma componente importante do PS, mas tem sido ostracizada neste partido a favor da pseudo-esquerda tecno-burocrática que hoje nos governa. Os partidos à esquerda do PS têm agendas que intersectam em parte a(s) dos professores, mas que em certas zonas lhe(s) são antagónicas - nomeadamente nos aspectos que dizem respeito ao «eduquês» e às questões disciplinares.
Devemos, portanto aproximar-nos, à Direita, não de partidos, mas de personalidades individuais que estes ostracizaram mas que continuam a ter influência social e a ser ouvidas pela opinião pública. O mesmo à Esquerda: conviria, por exemplo, mostrar ao Dr. Mário Soares que o recente elogio que fez à Ministra da Educação vai ao arrepio daquilo por que ele sempre lutou: não pode haver uma República forte sem uma Escola que esteja ao serviço da República. Mas no caso da Esquerda também há lugar a uma aproximação (cautelosa) aos partidos: o Bloco de Esquerda tem apoiado os professores em aspectos importantes da sua luta, embora não sejam de esperar dele grandes apoios em relação a outros aspectos.
Agora que fomos empurrados pelo Governo do terreno laboral para o terreno político, a nossa luta passou a ser política. E quanto à legitimidade democrática, não devemos ter complexos: legitimidade democrática, temo-la nós, que lutamos pela República, e não quem luta contra ela a favor de interesses particulares.
A seguir: Política de Alianças IV: os Alunos
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