Vários meses depois e trezentos quilómetros mais a Sul, mil portugueses compraram bilhetes para assistir a um espectáculo de ópera no CCB. O espectáculo começou com meia hora de atraso porque outro "Senhor Engenheiro" - Primeiro-Ministro de Portugal - achou perfeitamente natural que a cortina só subisse quando ele e os seus acompanhantes estivessem sentados nas respectivas cadeiras. O que ele não acharia natural, atrevo-me a suspeitar, é que o espectáculo tivesse começado à hora marcada sem a sua ilustre presença.
O que têm estes dois episódios em comum? O facto de ambos envolverem "Senhores Engenheiros" é irrelevante, como é irrelevante a hipótese de ambos darem aos portugueses vontade de emigrar.
O que é relevante é a aparente banalidade dos dois casos. A naturalidade com que estas coisas se fazem todos os dias, milhares de vezes e por todo o país. É serem o retrato cruel duma cultura em o que conta não é ser competente, mas sim ser importante. E é claro: a importância de cada um mede-se, muitas vezes à falta de outro título, pelo poder de fazer esperar os outros.
2 comentários:
Olá, boa tarde.
Obrigado pela deferência e bem vindo lá ao pantano.
Estas coisas dos blogues... o pessoal bem protesta, denúncia, diz mal e aponta defeitos e desaforos mas, não te parece, por vezes, que estamos a prgar aos peixes?
O que é que se passa com este país doemente ou adormecido qual bela adormecida à espera... de principe ou tsunami que a acorde.
Desculpa o desbafo.
Cumprimentos
Este podia ser o país dos contrários, porque é fácil perceber que a importância, o reconhecimento, o respeito, o progresso... estão sempre do lado oposto ao do Homem.
rita
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