Curiosamente, o leninismo e o estalinismo também eram adeptos do "não há alternativa". A História obedecia a regras rígidas e inescapáveis: o futuro estava determinado "cientificamente" e os donos dele eram os membros da Nomenklatura.
Os neoliberais não fugiram a esta tradição. O mercado tinha as suas regras, estas eram conhecidas, e a partir delas era possível deduzir, com absoluta certeza, o futuro. Houve quem chegasse a escrever que estávamos perante o fim da História.
De repente, a crise. E não uma crise qualquer: uma crise diferente de todas as outras. Uma crise cuja evolução, apesar de todas as inevitabilidades históricas anteriormente invocadas, se anuncia imprevisível. E esta imprevisibilidade é, naturalmente, anátema para quem passou trinta anos a anunciar-se como dono e oráculo do futuro. Não admira que estejamos todos perplexos. Ou melhor, todos, não: quem está mais perplexo e desorientado é quem tinha, ainda há dois anos, as certezas todas.
E é assim que Cavaco Silva diz, perante trabalhadoes desesperados com o fecho duma empresa, que não tem solução para o problema deles. E como ele, os políticos, os empresários, os académicos, os jornalistas. O mundo, tal como o conheciam, desabou sobre eles: não sabem para onde hão-de ir eles próprios, muito menos para onde hão-de conduzir os outros. Não vêem o futuro e por isso pensam que ele não existe.
Mas, mesmo sem donos, há sempre futuro. Há sempre alternativa. E haverá sempre alguém para a propor.
Mas, mesmo sem donos, há sempre futuro. Há sempre alternativa. E haverá sempre alguém para a propor.
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