Tudo indica que o PSD vai hoje viabilizar o projecto de resolução do PS de apoio ao PEC. Mais uma vez o PSD dá uma mãozinha ao governo de José Sócrates. Apenas o suficiente para o manter à tona, até sentir que tem condições para desferir a estocada final. Entretanto, os partidos de Esquerda, BE e PCP, saltam, gritam, barafustam, mas na realidade nada fazem para desmascarar o efectivo Bloco Central de Interesses que sustenta o governo de José Sócrates. E que aprecia sobremaneira o PEC. O Bloco Central de Interesses toma-nos por parvos. Quer que acreditemos que os candidatos a líderes do PSD estão sinceramente escandalizados com o facto do PS ter agendado a votação do seu projecto de resolução de apoio ao PEC para o dia anterior à eleição do próximo líder do PSD. O Bloco Central de Interesses toma-nos por parvos. Cria uma aparente dissonância entre os partidos, PS e PSD, que o sustentam, de modo a que seja esta a dominar a agenda mediática, deste modo mascarando as opções ideológicas plasmadas no PEC, e que no essencial merecem total concordância tanto de PS como de PSD. É evidente que o PS está a fazer um favor ao PSD, ao permitir ao seu próximo líder não ter de escolher já entre derrubar ou apoiar o governo. Porque não duvidem que o PEC é a trave central deste governo, liderado nominalmente por José Sócrates e efectivamente por Teixeira dos Santos. Uma rejeição do projecto de resolução do PS de apoio ao PEC levaria à demissão de Teixeira dos Santos, e estou certo que por arrastamento à de todo o governo. O Bloco Central de Interesses toma-nos por parvos. E os partidos de Esquerda, PCP e BE, nada fazem. Esperam por quê? O PEC apresenta-se como uma excelente oportunidade para mover a fronteira da discussão político-ideológica para a Esquerda, dividindo as águas entre quem apoia e quem contesta as políticas e motivações ideológicas plasmadas no PEC. Por tudo isto, a situação política exige a apresentação de uma moção de censura ao governo. Já amanhã. É preciso amarrar já o próximo líder do PSD ao governo de José Sócrates, desmascarando o Bloco Central de Interesses que nos governa, e demonstrando que a alternativa ao actual governo encontra-se à Esquerda. Há obviamente a possibilidade da moção de censura passar. Haveria então novo governo, se uma maioria parlamentar estável pudesse ser encontrada, ou, mais provavelmente, novas eleições para a Assembleia da República (pode ser dissolvida a partir de 26 de Abril). No segundo caso, os partidos de Esquerda teriam perante si um PS amarrado ao PEC, e portanto via aberta, de facto, para crescer eleitoralmente, congregando o voto de todos aqueles que se identificam com um mínimo dos princípios que norteiam a Esquerda.
Uma moção de censura ao governo, amanhã, já!
Este texto foi roubado ao VIAS DE FACTO. O seu autor é Pedro Viana
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5 comentários:
e hoje já temos o pec
Sim, já temos o PEC. E com ele uma oportunidade de amarrar o PS ao PSD de tal modo que nunca mais possam separar-se.
Corrijo: de tal forma que nunca mais possam fingir que estão separados.
o problema é que o futuro líder do PSD não se deixou amarrar e disse que votaria contra o PEC, sendo ele, neste momento o principal beneficiário duma moção de censura. Felizmente, nem o BE nem o PCP andam a dormir e não vão na cantiga de dar maioria absoluta a Passos Coelho e Paulo Portas. Uma moção de censura hoje é dar à direita a concretização do sonho "uma maioria, um governo, um presidente".
Se o CDS apresentasse uma moção de censura, não tenho dúvida nenhuma que o PSD votaria a favor, derrubando assim o governo e forçando novas eleições.
Mas se o BE apresentasse uma moção de censura fundamentando-a numa, e só numa razão - a de que o PS, em vez de cumprir o mandato que lhe foi conferido pelos eleitores, está a executar o programa do PSD - não vejo como é que este partido poderia votar a favor sem cometer um verdadeiro suicídio político. Se durante o debate o BE se concentrasse em transmitir ao eleitorado esta, e só esta, mensagem - o PS está a executar o programa do PSD - seria extremamente improvável que o governo caísse; e se caísse, duvido que o eleitorado desse uma maioria absoluta, quer ao PS, quer ao PSD.
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