Transcrevo este texto d'O Bengalão:
Estamos todos de acordo. A Educação está muito mal. A maior parte dos portugueses não sabem falar, sabem ainda menos escrever, não são capazes de fazer uma conta simples sem uma calculadora e, mesmo com ela, se por acaso se enganam num algarismo, não dão conta, porque não fazem a mínima ideia do resultado aproximado. Além disso, não sabem História, não têm a menor ideia de Geografia, não conhecem um único pintor, ou escultor, ou músico. Também nunca leram um livro do princípio ao fim. Como se isto não bastasse, confundem alegremente conceitos básicos muito diferentes. Acham que simples é sinónimo de fácil, e complicado de difícil. Não distinguem impossível de improvável, provável de possível. A sua única ética é a Lei, no sentido mais boçal do termo. (Uma coisa é imoral se, e só se, a polícia os apanhar em flagrante delito). E isto aplica-se tanto ao carteirista do Rossio como ao presidente do conselho de administração. A Educação está muito mal, portanto.
Estamos todos de acordo. A Educação está muito mal. A maior parte dos portugueses não sabem falar, sabem ainda menos escrever, não são capazes de fazer uma conta simples sem uma calculadora e, mesmo com ela, se por acaso se enganam num algarismo, não dão conta, porque não fazem a mínima ideia do resultado aproximado. Além disso, não sabem História, não têm a menor ideia de Geografia, não conhecem um único pintor, ou escultor, ou músico. Também nunca leram um livro do princípio ao fim. Como se isto não bastasse, confundem alegremente conceitos básicos muito diferentes. Acham que simples é sinónimo de fácil, e complicado de difícil. Não distinguem impossível de improvável, provável de possível. A sua única ética é a Lei, no sentido mais boçal do termo. (Uma coisa é imoral se, e só se, a polícia os apanhar em flagrante delito). E isto aplica-se tanto ao carteirista do Rossio como ao presidente do conselho de administração. A Educação está muito mal, portanto.
O Bengalão diz desde já que a culpa não é do MINED. E não é, porque o sistema educativo está longe de ser o único veículo de transmissão de ideias, de técnicas de formação de opiniões próprias, de factos brutos e de comportamentos. Nem sequer é, provavelmente, o mais importante destes veículos. Um Ministério da Educação que compreendesse isto, exigiria que lhe mudassem o nome. Que lhe chamassem Ministério da Instrução, por exemplo. A educação dos portugueses faz-se, fundamentalmente, pela televisão. É isto um exagero? Será. Mas num país em que se passa tanto tempo à frente da TV, é natural que esta seja, não só a principal fonte de informação, mas também o principal modelo de comportamento. Outra coisa não seria de esperar.
É ou não verdade que os adolescentes portugueses passam, por dia e em média, 4 horas na internet, sem o acompanhamento de um adulto, mesmo de um adulto sem conhecimentos específicos para orientar a sua formação? E o que é que o adolescente faz na internet, pergunta o Bengalão. E responde já. Educa-se. Ou seja, recebe ideias, toma conhecimento de factos, constroi as suas opiniões e modifica os seus comportamentos. Sem acompanhamento.
Quer isto dizer que devemos pôr um especialista atrás de cada jovem que vai à net? Com certeza que não. Mas chamar a um Ministério que ignora estes factos Ministério da Educação só pode ser uma piada de mau gosto.
O Ingenhêro declarou há uns meses que daria um computador a cada aluno do secundário. (Esqueceu-se de dizer que o fez provocando o gáudio dos pingues lucros de algumas empresas de telecomunicações e informática, mas isso são contas de outro rosário). É uma medida boa? É uma medida má? O Bengalão não sabe. Um computador é apenas um meio, não é um fim. E o Ingenhêro esqueceu-se de nos dizer qual era o objectivo. Ou seja, que competências espera o Ingenhêro que TODOS os alunos que saem do Secundário tenham, no que diz respeito à informática.
Tudo no discurso do MINED é do mesmo jaez. Não disse a Lurdinhas, há meses, que, agora, o problema das instalações físicas das escolas está resolvido? Não é verdade que uma parte significativa das escolas portuguesas não têm instalações desportivas? Não interessa, Lurdinhas dixit Gosta o Ingenhêro de apontar a Finlândia como exemplo de sucesso educativo. Pois na Finlândia, uma das aulas obrigatórias do princípio ao fim do ensino obrigatório é uma coisa a que eles chamam, barbaramente, Urheilu. Se o Ingenhêro soubesse Finlandês, saberia que o Bengalão, este vaidosão que dá cinco tostões (e basta) para mostrar que sabe, está a falar de desporto. Já ocorreu à Lurdinhas que a generalização da prática sistemática de desportos colectivos em TODAS as escolas colaboraria para fomentar o espírito de corpo da escola, o espírito de equipa do aluno, o espírito de sã concorrência do cidadão?
Há estudos que mostram uma ligação entre a educação musical temporã e a qualidade dos resultados em matemática. Os japoneses e os coreanos, por exemplo, levam-nos muito a sério e estão à frente nos testes de numeracia. O que faz a Lurdinhas? Acaba com a pouca educação musical séria que existe no país. (O Bengalão não está a falar daquelas senhoras gordas e com pouco ouvido que ensinam as inínclitas gerações a cantar "Atirei o pau ao gato").
A Educação está mal em Portugal. Mas não fazer nada por isso, não reconhecer que há problemas de fundo que vêm de há muito tempo, que não fomos capazes, nós todos, de acompanhar a evolução da sociedade com mudanças das nossas (e não só da Escola) estratégias educativas tem um nome: incompetência. Dizer que tudo é simples e que a culpa é dos Professores tem outro nome: canalhice.
PS: O Bengalão agradece aos Professores que estiveram na manifestação de Sábado. E pareceu-lhe apropriado que, no dia 8 de Março, a maioria parecessem ser mulheres.
1 comentário:
Um bom levantamento. Falta falar num forte meio de educação sobretudo em truques, habilidades, golpes e contragolpes que afecta já muitas gerações mas que me abstenho de referir por estarmos em democracia.
No Post Scriptum (por extenso para não haver confusões) falta referir que eram mulheres louras. E não há aqui nenhuma insinuação torpe mas apenas a constatação de que se não pintam o cabelo lá apanharão piolhos - praga específica da profissão.
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