...............................................................................................................................................

The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
....................................................................................................................................................

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Maria de Lurdes Rodrigues não é culpada de tudo

Não quero ser indulgente nem contemporizador: quero ser objectivo. Maria de Lurdes Rodrigues não inventou o delírio pedagógico que infecta a escola pública; não montou a gigantesca estrutura burocrática criada para sustentar este delírio; e mesmo o incivismo generalizado, que é o último dos três grandes vícios do sistema, já vem de trás.

As culpas de Maria de Lurdes Rodrigues são graves, mas são outras. Não criou o incivismo, mas incentivou-o com o Estatuto do Aluno. Não ampliou a estrutura burocrática a seu cargo, mas também não a combateu nem reduziu. Não inventou o delírio pedagógico, mas inventou ou copiou um sistema neo-Taylorista, completo com o respectivo modelo de avaliação, em que actividade do professor é decomposta nos mínimos gestos e atitudes a fim de se ver se estão conformes. Passa deste modo a ser impossível para um professor rejeitar, ignorar, subverter ou contornar o "eduquês". Doravante, todas as veleidades deontológicas são heresias; e a avaliação lá estará para recompensar (parcamente) a ortodoxia e punir (severamente) a dissidência.

O Estatuto da Carreira Docente de Maria de Lurdes Rodrigues, o Estatuto do Aluno e o modelo de avaliação dos professores foram instrumentos pensados não só para tornar mais barato o trabalho docente, mas também para impor politicamente uma "linha justa" educativa que não consegue impor-se pela sua validade científica. Os instrumentos de Isabel Alçada podem ser mais eficazes que os de Maria de Lurdes Rodrigues, e até marginalmente mais favoráveis, em termos laborais, aos professores - mas os fins que visam são exactamente os mesmos.

Não vejo o que se ganha em aperfeiçoar os instrumentos duma política nociva. Até ver, foi só isto que os sindicatos conseguiram. A discussão do essencial continua adiada sine die. Nem Maria de Lurdes Rodrigues é culpada de tudo, nem Isabel Alçada inocente.

3 comentários:

com senso disse...

Não sendo nem Maria de Lurdes Rodrigues nem Isabel Alçada desprovidas de inteligência, creio que o grande mal do nosso sistema educativo radica no facto de que quem estabelece a política neste sector são os quadros superiores do Ministério que vão passando de Ministro para Ministro, de Governo para Governo qualquer que seja o partido que se encontre em São Bento!
E este creio ser um mal que já vem de muito longe!

setora disse...

Ó com senso, use o senso. De cada vez que muda o partido do governo acrescenta-se uma camada de funcionários.Não são os mesmos de há trinta anos. São camadas sobrepostas, estratificadas.

com senso disse...

Sem querer entrar em polémicas estéreis, nem querer fazer finca-pé no que quer que seja, digo que a setora se deverá informar melhor sobre o que se passa na adminstração pública em geral e nos quadros de pessoal técnico que prepara os documentos base que servem às sucessivas reformas!