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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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segunda-feira, 15 de junho de 2009

LA GÉANTE


Du temps que la Nature en sa verve puissante
Concevait chaque jour des enfants monstrueux,
J'eusse aimé vivre auprès d'une jeune géante,
Comme aux pieds d'une reine un chat voluptueux.

J'eusse aimé voir son corps fleurir avec son âme
Et grandir libremente dans ses terribles jeux;
Deviner si son coeur couve unne sombre flamme
Aux humides brouillards qui nagent dans ses yeux;

Parcourir à loisir ses magnifiques formes;
Ramper sur le versant de ses genoux énormes,
Et parfois en été, quand les soleils malsains,

Lasse, la font s'étendre à travers la campagne,
Dormir nonchalamment à l'ombre de ses seins,
Comme un hameau paisible au pied d'une montagne.

Charles Baudelaire, Les Fleurs du Mal

domingo, 14 de junho de 2009

Resumindo

Todos nascemos numa prisão. A escola serve para nos tirar dela. A etimologia da palavra educação exprime isto mesmo. As filosofias educativas que fecham cada aluno na prisão em que nasceu são criminosas e violam a deontologia implícita da profissão docente; e quando dão origem a políticas educativas, este facto legitima, não só a objecção de consciência, como a desobediência civil.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um voto no neoliberalismo?

Corre a opinião de que o voto na direita em toda a Europa foi um voto no neoliberalismo; e que, mesmo em Portugal, a subida percentual do PSD e do CDS correspondem a uma opção pelo neoliberalismo por parte de quem neles votou.

Eu não sou dessa opinião. Primeiro, porque nenhum partido, em Portugal ou na Europa, fez campanha com base na defesa das ideias neoliberais. Segundo, porque muitos dos partidos populistas ou de extrema-direita que registaram grandes subidas são no mínimo indiferentes, e nalguns casos hostis, ao neoliberalismo.

É opinião contra opinião. Nestes casos, geralmente, cada um fica na sua.

Mas desta vez há a possibilidade, no que toca a Portugal, de verificar qual das duas hipóteses é correcta: basta que o PSD e o CDS façam das teses neoliberais o centro da sua campanha para as legislativas. Inundem as ruas de cartazes a propor a liberalização completa dos despedimentos. Advoguem insistentemente e com fragor a abolição do salário mínimo e dos subsídios de desemprego. Declarem-se, sem ambiguidades nem tergiversações, partidários incondicionais da privatização total da saúde, da educação e da segurança social.

(O PS fica de fora deste desafio porque, quer se declare partidário, quer adversário do neoliberalismo, poucos vão acreditar).

Se há mais países na UE com eleições para breve, sugiro que os partidos do centro-direita façam a mesma experiência.

E depois contem os votos. Os votozinhos, como diz Maria de Lurdes Rodrigues.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Prémio LEMNISCATA


Recebi este prémio por via da Safira e da Hurtiga, a quem agradeço a distinção que me quiseram dar.

"O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores."

Cabe-me repassar este selo a 7 blogues considerados merecedores de o receber, devendo eles proceder de igual modo.

ACHAQUES E REMOQUES
BLOGRE
CORRENTES
DISSIDENTE X
DIZ QUE NÃO GOSTA DE MÚSICA CLÁSSICA?
MIND THIS GAP
O VENTO QUE PASSA

Sobre o significado de LEMNISCATA:

LEMNISCATA: “curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante.”

Lemniscato: ornado de fitas Do grego Lemniskos, do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores

(In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)

Acrescento que o símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente.

Texto da editora de "Pérola da cultura"

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vencedores e vencidos

Ponto prévio: na política, como na guerra, não há vitórias esmagadoras. Mesmo que se julgue ter exterminado todo um povo, há sempre um recanto remoto onde sobrevivem meia-dúzia de crianças - e destas crianças há-de nascer, a seu tempo, um exército.

Vencer é, tão somente, atingir ou ultrapassar os objectivos fixados; perder é não os atingir. A derrota e a vitória medem-se pela distância a que se ficou além ou aquém dos objectivos.

E não vale a pena fazer batota: se colocamos a fasquia baixa demais no intuito de podermos mais tarde cantar vitória, alguém se a encarregará de a pôr à altura certa.

Nestas eleições europeias houve um derrotado e quatro vencedores. O derrotado foi o PS. Tinha por objectivo ser o partido mais votado, ainda que por por margem estreita, e não o foi por larga margem. Tinha por objectivo ficar bem colocado para disputar as legislativas, e não ficou. Tinha por objectivo ficar com as mãos livres para fazer o que quisesse no que resta do seu mandato, e ficou com elas presas. Sócrates sabe que está perdido se continuar no caminho que traçou, mas também sabe que está perdido se se desviar dele um milímetro.

Já o PSD ganhou, e folgadamente. Bastava-lhe ficar um pouco atrás do PS e ficou muito à frente. Previa não ter alternativa à participação num bloco central, e abre-se-lhe a possibilidade de integrar um bloco de direita. A imagem cinzenta da sua líder vai ficar de um dia para o outro bastante mais colorida, porque nothing succeeds like success.

Ganhou o Bloco de Esquerda. Queria uma votação que o pusesse na primeira liga, e obteve-a. Queria dois mandatos, obteve três. Os outros partidos vão tentar retratá-lo como um partido marginal e irrelevante, mas não vão conseguir. Tem uma boa equipa no Parlamento Europeu, e uma equipa de luxo na Assembleia da República - dedicada, inteligente, culta, trabalhadora, entusiástica, imaginativa, eloquente e fanática do trabalho de casa bem feito. Quase triplicou o número de votos em relação às eleições anteriores, e tem o eleitorado mais jovem de todos os partidos. Foi uma vitória enorme.

Ganhou a CDU. Queria sacudir a imagem de velharia ultrapassada, e sacudiu-a. Passou, como se esperava, da terceira posição para a quarta, mas por uma diferença mínima. Não tem as expectativas de crescimento do BE, mas não está em risco de definhar.

Ganhou o CDS. Derrotou as sondagens. Ficou numa boa posição para disputar as legislativas. Se a votação que teve se repetir, e se nem o PS nem o PSD tiver a maioria absoluta, pode aspirar à posição de partido-charneira.

Ganhou a sociedade civil. A classe política ficou notificada - ou pelo menos os mais inteligentes dos seus membros - que é impossível, além de ilegítimo, governar contra o Soberano. Para esta vitória, contribuiu decisivamente a luta dos professores. As duas referências que Paulo Rangel fez às classes profissionais no seu discurso de vitória mostram que compreendeu a importância e o poder da sociedade civil, mesmo que outros políticos ainda insistam em demonizá-la sob o epíteto depreciativo de "corporações." Mas não nos iludamos: Rangel vai para Estrasburgo e nada nos garante que os seus correlegionários que cá ficam, a começar por Manuela Ferreira Leite, tenham a mesma perspicácia ou a mesma sensibilidade.

Tão importante como falar de vitórias é falar do seu preço. O preço da derrota é a própria derrota, mas o da vitória pode variar. Quem pagou o preço mais alto pela vitória foram o PSD e o CDS. Para ganhar a Europa, tiveram que enviar para lá os seus melhores generais, e deixaram mal guarnecida a frente interna. Isto poderá ficar-lhes caro em Outubro. Já ao BE ficou barata a vitória. Não lhe faltam generais brilhantes: conservam-se em Portugal Ana Drago, Cecília Honório, Francisco Louçã, Luís Fazenda.

De tudo isto vamos nós - os professores e as outras classes profissionais - ter que tirar as devidas ilações. As regras do jogo mudaram; temos mais aliados do que tínhamos, mas não sabemos bem quais são as suas agendas nem até que ponto se articulam com a nossa. É tempo de rever tácticas e estratégias, na certeza porém que, se vencemos uma batalha, ainda estamos muito longe de ganhar a guerra.

Notas sobre um debate

Depois de a RTP e a Sic fecharem a emissão dedicada às eleições, fiquei Na SICNotícias a ver o debate. Fez-me sorrir a afirmação de António Barreto de que José Sócrates não tinha entendido as causas da sua derrota. Não porque isto não fosse verdade, mas porque ele também não as entendeu, assim como não as entendeu nenhum dos outros paarticipantes do debate.

Nenhum deles pareceu entender que há uma sociedade civil em Portugal; que esta sociedade civil tem adquirido, nos anos mais recentes, meios de expressão e de acção que não tinha antes; e que a classe política e o comentariado perderam o monopólio da intervenção política.

É por ser assim que as sondagens falham, e hão-de falhar cada vez mais. O "vocês não existem" de que José Gil falou a propósito da relação entre a Ministra da Educação e os professores repercute-se no âmbito mais vasto das relações entre o poder e os cidadãos. E os didadãos respondem, nas urnas, "tenham lá cuidado, porque quem se arrisca a não existir são vocês."

They just don't get it. Pacheco Pereira andou lá perto, mas faltou-lhe dar o último pequeno passo. Olha para a Europa e intui, correctamente, que o problema da governabilidade está indissoluvelmente ligado ao da legitimidade; mas no momento em que vira os olhos para Portugal perde este resquício de lucidez. Alinha no coro dos políticos medíocres e dos comentadores banais e tenta passar a ideia que o problema da governabilidade é, em Portugal, uma mera questão de geometria parlamentar. Esta ideia, dum simplismo atroz, vai estar na base da campanha do PS e do PSD; compete aos segmentos letrados da sociedade civil, particularmente aos que se exprimem através da blogosfera, desmontar esta propaganda.

Finalmente, Lopo Xavier. Achei graça à sua afirmação que os jovens votantes do BE não se consideram de extrema esquerda, ou melhor, achei graça àquilo que esta afirmação subentende: que os nossos jovens são tão ingénuos e estúpidos que se deixam enganar por um lobo com pele de cordeiro. Não lhe ocorre, aparentemente, a possibilidade de os jovens portugueses terem uma ideia mais clara do que ele, menos fundada em preconceitos ideológicos, sobre a "verdadeira natureza" do BE. Nem lhe ocorre a possibilidade de haver muitos jovens (pense nos precários) que não são de extrema-esquerda mas também não se assustam com ela, e votam pragmáticamente naquilo que ela tiver para lhes propor.

A convocação repetida do fantasma de Estaline é chão que deu uvas. Ainda pode resultar com os eleitores com mais de quarenta anos (e mesmo assim não com todos); mas com os mais jovens não funciona de todo.

Se querem entender o que se está a passar politicamente em Portugal, metam os professores na equação. E não só os professores, como a sociedade civil em geral. Tentem perceber porque é que as pessoas estão, não apenas zangadas, mas furiosas. Aprendam que dizer a alguém que não existe é um erro que se paga muito caro. Não se esqueçam de ter em conta as novas tecnologias de informação e comunicação. Para a Europa, façam, mutatis mutandis, o mesmo exercício. Sem negligenciarem a necessária atenção a indícios tão subtis, e aparentemente tão insignificantes, como o resultado do Partido Pirata na Suécia.

sábado, 6 de junho de 2009

LES CHATS


Les amoureux fervents et les savants austères
Aiment également, dans leur mûre saison,
Les chats puissants et doux, orgueil de la maison,
Qui comme eux son frileux et comme eux sédentaires.

Amis de la science et de la volupté,
Ils cherchent le silence et l'horreur des ténèbres:
L'Érèbe les eût pris pour ses coursiers funèbres,
S'ils pouvaient au servage incliner leur fierté.

Ils prennent en songeant les nobles attitudes
Des grands sphinx alongés au fond des solitudes,
Qui semblent s'endormir dans un rêve sans fin:

Leurs reins féconds sont pleins d'étincelles magiques,
Et des parcelles d'or, ainsi qu'un sable fin,
Étoilent vaguement leurs prunelles mystiques.

Charles Baudelaire

2.550.000.000,00 €

Assim, com estes zeros todos. Duzentos e cinquenta e cinco euros por cada português. Quinhentos e dez euros por cada casal sem filhos. Mil e vinte euros por cada família de quatro pessoas.

Foi o que uns roubaram aos accionistas, depositantes e credores do BPN. Foi o que outros roubaram aos contribuintes portugueses para cobrir este roubo.

... e ainda assim vai haver quem vote neles?!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Recomendação de voto para as europeias

Desculpem-me o que parece ser um atrevimento - quem sou eu para fazer recomendações de voto aos meus concidadãos - mas não é atrevimento. Cada cidadão deve ser livre de fazer aos outros as recomendações que entender, desde que se disponha em troca a ter em conta as recomendações que lhe fizerem. Eu já estou decidido a votar no BE para as eleições europeias, e quase decidido a votar nele para as legislativas; mas ainda não sei em quem vou votar para as autárquicas, tendo em conta que voto na Maia e que não vivo neste Concelho há tempo suficiente para ter uma ideia clara dos méritos e deméritos das forças políticas locais, nem da utilidade do meu voto em termos nacionais.

Vamos então às recomendações. A primeira coisa que peço aos meus concidadãos é que não se abstenham nem votem branco: quem cala consente, e estão a acontecer demasiadas coisas, em Portugal e na Europa, em que um cidadão consciente não pode consentir.

A segunda está aqui na coluna do lado: peço-lhes que não votem PS nem PSD. Estes partidos, largamente maioritários no Parlamento, têm provado em ocasiões sucessivas que são ultra-minoritários nos interesses que representam. No que respeita a Europa, ambos defendem a ressureição, nem que seja à força, do Tratado de Lisboa, ou seja, da constitucionalização do neoliberalismo; e ambos apoiam a reeleição de Durão Barroso, que é o rosto desta ideologia e desta política.

A terceira recomendação será talvez surpreendente: não votem no MPT Partido da Terra. Porque me preocupo eu, perguntarão, com uma força política tão insignificante? Cujas probabilidades de eleger um deputado são ínfimas? E que ainda por cima tem um programa que parece, no âmbito nacional, ser razoavelmente inócuo e até, nalguns aspectos, simpático?

Porque, no âmbito europeu, o programa do MPT é tudo menos inócuo ou simpático: O MPT deixou-se constituir como filial portuguesa do movimento pan-europeu Libertas, com o qual (e cabe aqui um mea-culpa) me deixei entusiasmar até ser informado do que ele é e do que pretende. A razão do meu entusiasmo foi a oposição do Libertas ao Tratado de Lisboa; a razão da minha mudança de ideias foi a descoberta que, não faltando boas razões para que nos oponhamos a este documento, o Libertas se lhe opõe por razões ignóbeis. Basicamente, o Libertas é uma aliança entre as extremas-direitas irlandesa, francesa e holandesa, os britânicos saudosos da Sra. Thatcher e os ultra-católicos polacos que querem impor o ensino do criacionismo em todas as escolas da Europa. O que menos preocupa o Libertas no Tratado de Lisboa é a constitucionalização do neoliberalismo: pelo contrário, esta constitucionalização é provavelmente a única coisa que lhes agrada nele.

É certo que o Sr. Daclan, líder do
Libertas, disse uma verdade lapidar quando declarou que se UE se candidatasse à UE nunca seria aceite por não satisfazer os critérios de democraticidade necessários; mas não é por um populista mentiroso dizer ocasionalmente uma verdade que deixa de ser um populista mentiroso.

Os meus objectivos ao votar nas europeias são, além de barrar o caminho ao Sr. Daclan, à extrema-direita europeia e ao Tratado de Lisboa, dificultar a passagem de certas barbaridades que se preparam em Bruxelas, como a semana de trabalho de 65 horas - ou de 7 dias, noutra versão mais recente - e o Pacote das Telecomunicações, que foi objecto duma votação no passado dia 6 de Maio e será objecto doutra em Setembro.

O que esteve em causa a 6 de Maio foi a vontade de Sarkozy de que nos pudesse ser cortado o acesso à Internet, se fizéssemos downloads ilegais, por mera decisão administrativa. Esta cláusula foi derrotada, obrigando a nova discussão do pacote na generalidade. Dos deputados portugueses, estiveram bem a 6 de Maio, os seguintes: do PCP, Ilda Figueiredo e Pedro Guerreiro; do BE, Miguel Portas; do PS, todos; do CDS/PP, Ribeiro e Castro; e do PSD, ninguém. Nem bem nem mal andaram os seguintes, que se abstiveram: do PSD, Duarte Freitas, Sérgio Marques e Silva Peneda; e do CDS/PP, Luiz Queiró.

Francamente mal andaram Assunção Esteves, João de Deus Pinheiro e Vasco Graça Moura, todos do PSD.


O que vai estar em causa em Setembro é muito mais grave: a possibilidade de acabar o acesso livre dos internautas aos diversos sites, que passarão a ser facultados em pacotes, como actualmente a televisão por cabo. Se isto for adiante, passarei a só ter acesso ao "Arrastão", ao "Insurgente", ao "Blasfémias", ao "País do Burro" ao EsquerdaNet", ao "Jugular" ou ao "Educação do Meu Umbigo" se estes blogues fizerem parte dos pacotes vendidos pelas empresas operadoras. E os meus leitores deixarão de ter acesso a este blogue, já que nenhuma operadora verá nele interesse comercial.

E daqui decorre a minha quarta, e última, recomendação: examinem, por favor, o historial de votações dos candidatos a deputado; tentem prever, a partir deste historial, o sentido das suas votações futuras; votem em consequência; e nunca por nunca se abstenham, porque as decisões das instituições europeias afectam mais as nossas liberdades, o nosso bem-estar económico e a nossa qualidade de vida do que as do governo português.

PS. Percorri os blogues e sites dos partidos e movimentos políticos portugueses à procura de referências ao Pacote das Telecomunicações e às posições desses partidos em relação a ele. A única coisa que encontrei foi um alerta do MIC, publicado antes da votação de 6 de Maio e ao qual não foi dado posteriormente qualquer seguimento. Daniel Oliveira queixa-se aqui que o BE é acusado de não trazer as questões europeias para a campanha eleitoral quando a verdade é que as traz mas a Comunicação Social não as deixa passar, preferindo noticiar o espectáculo. Certo é que eu também não vejo, nem no Arrastão, nem nos sites ligados ao BE, uma discussão assídua do Pacote das Telecomunicações, do significado e consequências do Tratado de Lisboa para as nossas vidas, ou da democraticidade das instituições europeias. Se a esquerda não traz estas questões ao debate público, deixa o campo aberto para que a direita - ou a extrema-direita, neste caso - as traga. E assim será a direita a definir os termos do debate.

Teoria e prática

Neoliberalismo na teoria: Não há almoços grátis.
Neoliberalismo na prática: Almoços grátis, só para o sector financeiro.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

De novo a abstenção

Ouve-se dizer muitas vezes "não vou votar porque não me identifico com nenhum dos partidos candidatos".

Para que todos nos identificássemos garantidamente com um partido, teria que haver em Portugal dez milhões de partidos. Exigir um partido à medida de cada um é irrealismo e megalomania. Ninguém vota no melhor partido: votamos todos (excepto os clubistas) no partido menos mau. O mundo é assim mesmo.

Para mim, o menos mau ainda é o BE, embora a minha confiança neles tenha sofrido um rude golpe aquando da aprovação, na Assembleia da República, da lei do financiamento partidário. Mas em contrapartida estiveram muito bem no Parlamento Europeu a 6 de Maio, quando se votou o Pacote das Telecomunicações.

Abstenção

Não, não me vou abster. Nem votar branco. Nem votar nulo. Porque quem cala, consente, e eu não quero consentir.