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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Se eu os entregasse...

Se eu os entregasse, os meus objectivos individuais seriam estes:

1. Melhoria dos resultados escolares dos alunos

Tendo em conta que esta melhoria depende, em grande medida, de factores que não controlo, como o empenho do aluno e o valor que o seu meio familiar e social dá ao conhecimento e à cultura, não me é materialmente possível fixar objectivos quantificados nem obedecer a objectivos quantificados fixados por outrem. Feita esta ressalva, proponho-me fazer a única coisa que está objectivamente ao meu alcance, ou seja: ensinar de forma competente. Declaro solenemente que em caso algum falsificarei resultados de modo a aparentar ter cumprido este objectivo ou a cumpri-lo apenas formalmente.

2. Redução do abandono escolar

Como professor, não tenho os poderes de coacção que têm as autoridades policiais e judiciais, e não posso forçar a vontade dos alunos nem das suas famílias. Feita esta ressalva, proponho-me, de acordo com o princípio deontológico implícito que me obriga a
não causar dano, abster-me de qualquer acção que torne a escola menos acolhedora para os alunos. Proponho-me ainda, enquanto cidadão, lutar politicamente por uma sociedade e por uma economia em que valha a pena aprender, o que implica desde logo o combate às oligarquias hereditárias que dominam as nossas classes política e empresarial, fazendo com que o estudo honesto seja irrisório e inútil para muitos cidadãos.

3. Prestação de apoio à aprendizagem dos alunos incluindo aqueles com dificuldade de aprendizagem

Este objectivo está implícito na função de ensinar, que é a minha. Qualquer explicitação suplementar é inútil e pode ser nociva, devendo ser rejeitada por razões deontológicas.

4. Participação nas estruturas de orientação educativa e dos órgãos de gestão da escola

Não me candidatarei por mero carreirismo a cargos que não sejam da minha vocação e competência, mas fá-lo-ei
se e quando vir nisso utilidade para que a escola cumpra a sua função de ensinar ou para que os alunos possam exercer o seu direito de aprender. Impugnarei qualquer penalização pelo não exercício de cargos para os quais a escola não prove necessitar de mim.

5. Relação com a comunidade

Não sei o que se entende por comunidade. Se por esta palavra se entende a
polis, proponho-me ser um bom cidadão, como sempre fui. Quanto ao meio envolvente da escola, onde existem interesses contraditórios entre si, que podem ser compatíveis ou não com as funções da escola, com as minhas funções ou com a deontologia implícita na minha profissão, tenciono avaliá-los por estes critérios, podendo promovê-los ou combatê-los em função dos resultados desta avaliação.

6. Formação contínua adequada ao cumprimento de um plano individual de desenvolvimento profissional do docente.

Proponho-me fazer uma manutenção adequada dos meus conhecimentos da língua inglesa, que me compete ensinar. Para tal, lerei pelo menos um livro por semana escrito nessa língua, mesmo que para isso tenha que sacrificar outras actividades menos úteis. Proponho-me, em segundo lugar, continuar a estudar, como sempre estudei, a disciplina ou disciplinas que ensino. Proponho-me, finalmente, manter-me actualizado pedagogicamente, apreciando criticamente as diferentes teorias pedagógicas. Nesta perspectiva, proponho-me distinguir as teorias e práticas cientificamente validadas daquelas cuja validação é meramente administrativa.

7. Participação e dinamização de projectos

Também neste ponto me tenciono guiar pelo princípio deontológico que me proíbe de causar dano. Proponho-me participar em projectos que me sejam apresentados, se,
no meu entender autorizado de profissional, contribuírem de um modo efectivo e demonstrável para a transmissão de conhecimentos e para a aprendizagem. Não sei o que se entende por dinamização, mas não tenciono promover a percepção falsa de que a actividade intensa, ou a sua aparência, é um fim em si mesma. Nomeadamente, não promoverei quaisquer actividades que se revelem inúteis ou prejudiciais para a escola enquanto instituição cultural e civilizadora.

Nota: Na falta de acordo quanto aos objectivos, e prevalecendo, por lei, a posição dos avaliadores, exigirei a explicitação por escrito dessa posição e a clarificação de todos os conceitos nela utilizados. Não poderei, nem tenciono tentar, cumprir objectivos irracionais, contraditórios, vagos, ambíguos, sem sentido, nocivos ou incompreensíveis para uma pessoa inteligente e culta.

1 comentário:

Maria Isabel Pedrosa Branco Pires disse...

Ainda bem que não entregaste. Honra limpa!