Breve episódio televisivo: António Mexia, interrogado sobre o prémio de gestão que lhe tinha sido atribuído, não viu nenhum mal nessa atribuição. Se o premiaram, foi porque mereceu; e se mereceu, foi porque a empresa ultrapassou os objectivos definidos.
Foi ele sozinho que conseguiu isto? - Perguntei-me eu.
Mas entretanto a notícia prosseguia. Apertado pelos jornalistas, não se lembrou de melhor argumento do que uma dos mais velhas armas (e mais repelentes) do arsenal da demagogia: "vestiu a camisola" da empresa e insinuou que a crítica que lhe era feita era um insulto às 12.000 pessoas que trabalhavam nela.
Nesta altura veio-me à cabeça a frase de Samuel Johnson: Patriotism is the last refuge of a scoundrel.
E há os tais 12.000 trabalhadores. Todos eles contribuíram, certamente, em maior ou menor grau. para que os objectivos da empresa fossem ultrapassados. Será que também eles receberam prémios? E se não receberam, porquê?
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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.
..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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6 comentários:
Pois é, mas o Mexia "mexeu-se" bem, e os 12.0000 trabalhadores trabalharam, apenas.
Prémio merecido era uma bala.
Donatien, uma bala era demasiado bom para punir tal criminoso. Penso que se lhe tirassem os milhões e o incluíssem entre os 12000 trbalhadores, para trabalhar a sério, seria uma óptima lição.
A grande questão política do nosso tempo é que a desigualdade económica atingiu proporções tão obscenas que já não pode ser justificada pelos argumentos neoliberais do mérito e do incentivo.
É antes uma questão de força nua e crua: quem tem poder político apropria-se de tudo e quem não o tem é expropriado.
Em meu modesto e leigo entender, essas histórias de prémios a gestores e executivos de grandes "cotadas" são descaradas e escandalosas estratégias de tesouraria para "subtrair" uns milhões largos aos pequenos accionistas, lá, lá, lá, lá, lá... e ao Estado...e fazerem pouco das pessoas que trabalham...
Ora nem mais... caro Carlos Ricardo Soares.Estamos num mundo em que é vergonhoso trabalhar. Roubar é preciso, para subir na vida e ter cotação social. Que pobreza franciscana!
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