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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O pior ser humano dos últimos 100 anos

Todos conhecemos a conversa, de tão repetida. Quem foi o pior ser humano da história recente? Os dois candidatos principais a este título são, é claro, Hitler e Stalin. A tal ponto que entre uma certa direita e uma certa esquerda o essencial do debate parece reduzir-se a isto: Pois é, mas vocês têm o Hitler. Mas vocês têm o Stalin. Mas vocês têm o Hitler. Mas vocês têm o Stalin. E assim sucessivamente, numa repetição infinita que, por motivos para mim misteriosos, parece não entediar quase ninguém.

Bom, talvez não seja bem assim. Há quem se entedie com a repetição, é claro. E mesmo os que não se entediam definitivamente precisam de pausas. Para preencher o tédio definitivo de uns e o tédio temporário dos outros, aparecem de vez em quando outros candidatos ao título: Pinochet, Fidel Castro, Saddam Hussein, Pol Pot, Dick Cheney, Ahmadinejad, Rumsfeld, Bin Laden... Noutros contextos, há quem mencione, por exemplo, Alastair Crowley ou Charles Manson; mas vamos deixar estes contextos de parte para não complicar.

No contexto do poder político, quem foram, nos últimos cem anos, os principais representantes do Mal?

O que parece estar implícito, tanto na blogosfera como nos diversos discursos propagandísticos, é uma espécie de sistema de pontos correspondentes a um número relativamente reduzido de critérios: número de pessoas mortas, número de pessoas torturadas, número de inocentes presos, número de pessoas reduzidas à pobreza extrema, número de livros queimados ou museus destruídos, grau de intencionalidade em todos estes actos, redução das liberdades privadas e públicas, grau de cobertura destes «custos» pelos «benefícios» verificados ou prometidos... Penso que não me esqueci de nenhum: se me esqueci, digam-me.

O problema com estes critérios é que uns são mais fáceis de quantificar do que outros, e portanto este debate é um debate que nunca terá fim. Esta inconclusividade pode torná-lo desinteressante para quem faz questão de chegar a conclusões, mas quem aprecia o espectáculo e o jogo pode continuar a segui-lo com interesse e até com paixão.

É neste espírito que lanço mais um nome para a contenda. Não se trata dum líder político nem militar. Nunca assinou uma sentença de morte. Que eu saiba, nunca matou uma mosca. Foi um pacato professor universitário e um respeitável académico. E contudo a sua responsabilidade por muita das injustiça e muito do sofrimento a que incontáveis seres humanos foram sujeitos talvez seja comensurável com a de qualquer dos monstros acima mencionados. Pode ser um contendor de segunda ou terceira linha para o título, mas é um contendor, e é como tal que o nomeio: Milton Friedman.

4 comentários:

David Lourenço Mestre disse...

Quais sao os crimes de milton e da sua esposa em concreto, e em que paises foram concretizados? E por arrasto porque nao acusa popper, isaiah berlin, nozick, e o pai da liberdade individual e do iluminismo, kant?

Anónimo disse...

Não comparo Friedman com Popper, Berlin, Nozick ou Kant porque nenhum destes colocou as suas ideias ao serviço dum projecto de tomada de poder. Compara-o mais com Karl Marx, outro esdtudioso pacato mas com agenda.
Claro que podemos dizer que Marx não teve culpa nenhuma do que fizeram os marxistas - e se essa for a sua posição, terei que reconhecer pela mesma ordem de ideias que Friedman não tem responsabilidade nenhuma na ditadura chilena nem nos 72 milhões de russos que o FMI e o Banco Mundial condenaram à mais abjecta das misérias.

David Lourenço Mestre disse...

Meu caro, é inutil culpar qualquer pensador isolado, qualquer filosof individual, das caçoes realizadas pelos povos ao longo da historia.

Anónimo disse...

Sinto-me tentado a concordar consigo, mas há em mim algo que resiste a essa ideia. Talvez tudo dependa de sabermos até que ponto Friedman acreditava nas suas próprias teorias, e isso nunca o saberemos.