O efeito de ressalto deste paradoxo só pode ser mitigado pela introdução de factores adicionais ao método mais eficiente, tais como a obrigação legal de reinvestir, os impostos e a regulação. É o que dizem os economistas.
O paradoxo é visível na história de todas as espécies de desenvolvimentos tecnológicos. Menos litros de gasolina por quilómetro dão lugar a mais quilómetros percorridos. Computadores mais rápidos, mais tempo passado em frente ao computador. Etc. e etc. até ao infinito. Sabendo isto, é ingénuo esperar que os avanços tecnológicos possam por si sós reduzir os impactos do crescimento e reduzir a carga sobre a biosfera. E contudo muitos de nós ainda exibimos esta ingenuidade.
Associada a esta lacuna no pensamento corrente, talvez uma generalização do seu foco particular, é o pressuposto de que a eficiência é sempre boa. É claro que a eficiência como medida foi construída para descrever resultados considerados bons a priori, e portanto é quase uma tautologia, mas as duas coisas podem ser destrinçadas, pois não são exactamente iguais. Um exame dos registos históricos, ou uma reductio ad absurdum como "A Modest Proposal" de Jonathan Swift, deviam tornar óbvio que a eficiência pode ser uma coisa má para os seres humanos. O Paradoxo de Jevons também se aplica aqui, mas a ci~encia económica não tem sido normalmente flexível que chegue para ter em conta esta verdade óbvia, e é muito frequente ver textos de economia em que a eficiência é referida como boa por definição, e "ineficiente" como um simples sinónimo de "mau" ou "mal feito." Mas a evidência mostra que há boa eficiência e má eficiência, boa ineficiência e má ineficiência. Exemplos destas quatro situações podem ser facilmente apresentados, embora aqui deixemos isto como um exercício para o leitor, apenas com estas simples pistas para estimular a reflecção: a medicina preventiva poupa verbas enormes em cuidados médicos posteriores, e é uma boa eficiência. Comer os bebés em excesso (é esta a "modesta proposta" da personagem de Swift) seria uma má eficiência. Tudo o que cause dano às pessoas para obter lucro é igualmente mau, por mais eficiente que seja. Usar um veículo grande e pesado demais para ir do ponto A ao ponto B é uma má ineficiência, e há muitas assim; mas os meandros dum rio, irrigando uma grande planície fértil, são uma boa ineficiência. E assim por diante, e assim por diante; todas as quatro categorias precisam de ser tidas mais em conta se a análise da situação mais geral tiver como objectivo algo de desejável.
O princípio orientador que poderia guiar esta forma de pensamento é muitas vezes omitido, mas devia por certo ser incluído e explicitado: devíamos fazer tudo para evitar uma extinção em massa. Isto sugere um princípio operativo geral semelhante à ética da terra leopoldiana, muitas vezes resumida como "o que é bom é o que é bom para a terra." Na nossa situação presente, a frase podia ser reformulada como "o que é bom é o que é bom para a biosfera." À luz deste princípio, depressa se verifica que muitas eficiências são profundamente destrutivas, e muitas ineficiências podem hoje ser vistas como involuntariamente salvadoras. A robustez e a resiliência são geralmente ineficientes; mas são robustas, são resilientes. Precisamos de chegar aqui intencionalmente.
Toda a disciplina da Economia, pela qual planeanos e justificamos o que fazemos enquanto sociedade, está simplesmente infestada de ausências, contradições, falhas lógicas e, pior que tudo, falsos axiomas e falsos objectivos. Temos de corrigir isto se pudermos. Precisaríamos de ir muito fundo e reestruturar todo esse campo do saber. Se a Economia é um método para optimizar várias funções objectivas sujeitas a constrangimentos, então o foco da mudança devia consistir num re-exame dessas "funções objectivas." Não o lucro, mas a saúde da biosfera, devia ser a função resultante; e isto mudaria muitas coisas. Porque é que fazemos o que fazemos? O que é que queremos realmente? O que é que seria justo? Como podemos gerir melhor as nossas vidas neste planeta?
A ciência económica actual ainda não respondeu a nenhuma destas questões. Mas porque havia de responder? Pergunto à minha máquina de calcular o que devo fazer com a minha vida? Não pergunto. tenho de resolver por mim próprio este problema."
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