António Borges acaba de se afirmar como um dos pensadores mais originais da actualidade: merecedor, quem sabe, do Prémio Nobel da Economia. Respondeu a nada menos que uma das questões que mais dividem não só os portugueses, como a generalidade dos habitantes do planeta: Afinal quem é que "cria" (ou "produz", para sermos mais modestos) a riqueza?
Uma das respostas em confronto é que quem produz a riqueza são os empresários. E de facto: se ninguém empreendesse a produção, nada seria produzido.
A outra resposta é que quem produz a riqueza são os trabalhadores, e isto também faz sentido: se ninguém desse seguimento, pelo trabalho concreto, ao que os empresários empreendem, também nenhuma riqueza seria produzida.
António Borges desfaz este dilema mediante uma teoria cuja originalidade e arrojo nunca serão suficientemente enaltecidas: quem produz a riqueza não são nem os empresários nem os trabalhadores, mas sim os economistas. Aguardam-se novas declarações que desenvolvam esta tese, mas será de admitir que os maiores produtores de riqueza, entre os economistas, são aqueles que, como ele, se especializaram em elaborar produtos financeiros capazes de substituir a moeda nas transacções.
É certo que este processo de criação de riqueza se deparou, em 2007 / 2008, com um problema inesperado: a riqueza assim criada tem uma arreliadora tendência, como o ouro das fadas, para se dissolver no ar quando a luz do Sol incide sobre ela. Mas estou certo que resolvê-lo está ao alcance de gigantes intelectuais como António Borges.
E, quando estiver resolvido, o Mundo não precisará mais nem de empresários, nem de trabalhadores. Tudo aquilo que desejarmos ou de que precisarmos ser-nos-á fornecido gratuitamente pelo Goldman Sachs.
.
Blogue sobre livros, discos, revistas e tudo o mais de que me apeteça escrever...
...............................................................................................................................................
The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.
..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
....................................................................................................................................................
2 comentários:
Este meliante não paga impostos.
Impressionante a permeabilidade da imprensa face à agenda do dito(s) cujo(s).
Enviar um comentário