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É óbvio, porém, que as manifestações tiveram implicações tácticas imediatas, não só no palco nacional, mas também e sobretudo no europeu. Algumas correlações de forças foram modificadas, não só no plano partidário, mas no político e no económico; e o governo foi privado de um valioso instrumento político que lhe permitia colocar-se, não a reboque da troika mas na sua vanguarda, como um heróico rapazinho do tambor, rufando para toda a Europa os ritmos da austeridade. Este instrumento era a narrativa da docilidade portuguesa, apontada a espanhóis, italianos e gregos como exemplo a seguir. A mensagem agora é outra, e foi ouvida em todo o mundo: partir de agora não há bons alunos.
A guerra que hoje assola a Europa contém várias guerras. Uma destas (ou 17 destas, ou 27 destas) é a que as tecno-burocracias europeias e nacionais travam contra os povos soberanos. Com o 15 de Setembro, o povo soberano português tornou-se um pouco mais forte - ou, se quisermos ser cautelosos, um pouco menos fraco. E com isto tornaram-se um pouco mais fortes, e talvez um pouco mais unidos, os outros povos soberanos europeus.
Isto não é muito; e não podíamos esperar muito. Mas talvez seja o suficiente para que desta vitória táctica possam emergir outras tácticas, das quais algumas serão vitoriosas, outras não. E destas vitórias e derrotas emergirão, sem dúvida, estratégias.
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