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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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terça-feira, 2 de abril de 2013

O último campo de concentração alemão é o Euro. Chipre vai liderar a evasão?


Chipre Vai Liderar a Evasão da Eurozona

--- Christopher T. Mahoney



"A economia de Chipre vai agora atravessar um longo e doloroso período de ajustamento. Mas depois pagará o empréstimo quando assentar numa sólida fundação económica."

 
---Wolfgang Schauble, ministro das finanças alemão



Os economistas anglófonos têm advogado a saída do euro dos países periféricos da Eurozona desde o início da crise há três anos. Recomendam a saída porque a "desvalorização interna" é incomparavelmente mais destrutiva do que a desvalorização externa, e porque esses países precisam de inflação e não de deflação. O contra-argumento da Europa tem sido que a saída provocaria o caos, somado à ameaça de interromper os fluxos oficiais. Os países excluídos da generosidade da UE teriam supostamente que equilibrar de um dia para o outro as suas contas correntes. Também se argumenta que, à medida que a nova divisa vá perdendo valor, a dívida denominada em euros aumente tanto em termos nominais como reais.

Os argumentos europeus contra as saídas do euro são feitos em causa própria: os credores nunca aconselham os seus clientes a reduzir as suas dívidas. Quanto mais dívida a Europa conseguir carregar sobre esses países, mais provável se torna que os fluxos se invertam, e maiores serão as vantagens do incumprimento para os devedores. Todos os países periféricos deviam ter abandonado o euro quando a crise começou, antes de incorrerem em dívidas enormes e infligirem miséria a si próprios sem qualquer vantagem. No fim, todos os países periféricos serão forçados pela dívida a deixar o euro, a menos que o Banco Central Europeu esteja disposto a abrir as comportas monetárias imediatamente. Todo o desemprego e bancarrota em que estão a incorrer é pura perda. No fim, os países periféricos terão que sofrer a dor da desvalorização interna acumulada com a da saída do euro e do incumprimento.

A destruição estouvada que este processo implica é profundamente desanimadora. Milhões de vidas estão a ser sacrificadas no altar duma ideia mal reflectida, a noção da Europa como um "país" É um pouco irónico que a Europa capitalista tenha conseguiddo uma vitória sobre o comunismo só para tropeçar vinte anos mais tarde nas suas contradições internas. A contradição interna é a crença protestante de que todos os países precisam de divisas fortes, ou que as devem ter em todo o caso mesmo que nãao precisem delas.

Os credores não gostam da bancarrotas, e fazem tudo o que podem para a evitar, incluindo emprestar dinheiro ao devedor para pagar juros (ex., a América Latina nos anos 80). Além disso, ameaçam o devedor com consequências funestas no caso de não cumprir. Não querem que o Devedor #1 vejo o Devedor #2 livrar-se das suas dívidas e começar uma vida nova. Em vez disso, tentam negociar com o Devedor #1 de maneira que ele não entre em bancarrota. Os credores não fazem estas coisas para ajudar o devedor; fazem-nas para proteger o seu próprio capital.

O fim do jogo para os países periféricos virá quando a dor da depressão perpétua exceder o medo da saída. Para alguns países, esse dia chegará daqui a um ano ou dois. Para um país o dia já chegou: nomeadamente, Chipre. Até Chipre, a mensagem da Europa era "se saíres, deitamos fogo às tuas colheitas e ao teu celeiro". Mas para Chipre, a Europa já deitou fogo às suas colheitas e ao seu celeiro. Não sobra nada que possa ser salvo, e portanto não sobra razão nenhuma para entregar mais um tostão que seja aos extorcionistas.

Os cipriotas estão em plena catástrofe nacional que os vai forçar a escolhas difíceis num futuro muito próximo. Não vão demorar muito a pegar nas calculadoras e fazer as contas. Têm duas opções: (1) ficar na Eurozona e carregar uma dívida insuportável até à eternidade; ou (2) sair do euro, não pagar a dívida e restaurar a sua soberania monetária. Uma vez que vão ter que se declarar em incumprimento aconteça o que acontecer, mais vale que o façam agora e recolham em simultâneo o benefício da desvalorização.

A situação de Chipre é semelhante à da Argentina, mas não exactamente. A Argentina escapou de um fardo de dívida insustentável repudiando unilateralmente a sua dívida. As coisas passaram a correr-lhe muito melhor em resultados disto, mas continua a ser um país fora-da-lei, perseguido em todo o mundo por credores furiosos. Chipre não precisa de repudiar a sua dívida de um modo tão atabalhoado.

Para começar, a maior parte da dívida de Chipre é para com a Europa, não para com investidores privados. Chipre pode reduzir esta dívida recorrendo ao método que os devedores consagraram ao longo do tempo: “Dá-me qualquer coisa ou não levas nada”. A troika não tem grande poder nesta negociação, a menos que esteja a planear enviar as suas canhoneiras para Limassol. Os investidores podem ser tratados da mesma maneira (ver a Grécia). Qualquer dívida contratada sob a lei cipriota pode ser re-denominada e/ou re-escalonada por decreto. Isto é eminentemente praticável.

A razão por que a Europa "resgatou" Chipre foi impedi-lo de se evadir da Eurozona e dar um mau exemplo aos outros reclusos. Se Chipre escapar e ficar impune, a Grécia segui-lo-á a breve prazo. Os portugueses são "bons europeus", mas a solidariedade regional começa rapidamente a cheirar a velho para quem está a morrer à fome. Portugal vai acabar por sair assim que outros tenham aberto o caminho. (Afinal, Bruxelas não pode declarar Guerra a meia Europa.)
Esperemos que, antes que a podridão se instale com demasiada profundidade no coração da Eurozona (i.e., Espanha e Itália), o Banco Central Europeu veja a luz e reinflacione o continente, evitando deste modo o Armagedão. Para já, a probabilidade é de 50%.

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http://www.project-syndicate.org/blog/cyprus-will-lead-the-eurozone-prison-break-by-christopher-t--mahoney#WeJfT78iMqKa1Ocj.99

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