Tem sido frequentemente observado que no mundo de Walt Disney não há pais e filhos, só tios e sobrinhos. Isto pode explicar-se pelo extremo puritanismo de Disney: onde não há pai nem mãe, não cabe imaginar o que eles fazem quando estão sozinhos um com o outro. Há também a interpretação psicanalítica: eliminado o complexo de Édipo, nenhuma contestação à autoridade pode radicar no inconsciente. E há finalmente a explicação política: o mundo de Disney é a ilustração da utopia de Thatcher e Reagan. É um mundo sem Estado: a unidade política é a cidade. É um mundo em que as famílias, reduzidas a colecções arbitrárias de indivíduos, não se coordenam para formar uma Sociedade. Sem Sociedade e sem Estado, resta o Mercado totalitário: toda a obediência, toda a deferência e toda a protecção da Lei (porque apesar de tudo há polícias) são devidas ao Tio Patinhas ou ao seu rival Patacôncio, que por sua vez não respondem perante ninguém. É o mundo de Ayn Rand, que nunca teve filhos nem nunca os poderia ter tido sem se destruir como consciência viável. A actual preeminência do Tea Party, ou a incompreensível cegueira do BCE, representam bem o triunfo desta truncada representação do Mundo.
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Blogue sobre livros, discos, revistas e tudo o mais de que me apeteça escrever...
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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.
..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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1 comentário:
"Brave New Norld" of Angells...no sex..
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