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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Não lhe podemos chamar genocídio

Quando as tropas americanas entraram em Bagdad, a primeira coisa que fizeram foi assistir, impassíveis, ao saque dum dos mais importantes museus da humanidade. Antes disso tinham destruído pontes, estradas, indústrias, escolas, hospitais. Depois dispersaram as forças armadas, desarticularam o funcionalismo público e aboliram o partido do governo. Sanearam os tribunais.

Não procuraram interlocutores no Estado iraquiano porque o poder que as enviara era doutrinariamente contra a própria ideia de Estado. Em vez disso falaram com os chefes tribais, com os sumos sacerdotes, com os senhores da guerra, com os barões, com os bandidos. Instalaram a anarquia e a guerra civil.

Agora querem organizar uma espécie de governo e não têm com quem. Querem montar um sistema de saúde mas os médicos emigraram.

E não só os médicos: segundo a Oxfam, 40% dos iraquianos pertencentes às classes profissionais já saíram do país desde a ocupação. Quando os americanos retirarem do Iraque deixarão atrás de si um país sem médicos, sem professores, sem jornalistas, sem juízes, sem técnicos, sem autarcas, sem políticos. Mas com muitos economistas, provavelmente, para lhes ensinarem a gerir a escassez.

No século passado generalizou-se a palavra «genocídio» para designar um crime que, não sendo novo, foi infelizmente característico da época: a tentativa de exterminar uma nação ou uma cultura. O século XXI abriu com outro crime: a destruição de tudo o que organiza uma sociedade e torna possível a vida em comum.

Como havemos de designar este crime? Publicídio? Policídio? Ainda não temos palavras para ele, mas já sabemos dele que é monstruoso.

1 comentário:

Alexandre disse...

Nunca vi tamanha insensatez na destruição de um dos países mais antigos do Mundo. Isso paga-se caro e não me admirarei que o Ocidente venha a passar por aquilo que está a passar agora o território que foi o Iraque - porque o Iraque já não existe! Tudo muda muito depressa nestes anos e o que é previsível agora poderá não o ser daqui a 5... 10 anos!

Um abraço!!!