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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Agora vão avaliar os médicos

Como é que se avalia um médico? Para mim, que não sou médico nem tenho nenhum MBA em gestão tirado nos EUA, um bom médico é o que diagnostica correctamente a minha doença e a trata de maneira a que eu fique curado - ou, se a cura for impossível, que disponha da melhor qualidade de vida possível pelo máximo de tempo.

O problema é que nada disto pode ser quantificado. Então o Governo, não podendo avaliar por critérios relevantes mas não quantificáveis, vai avaliá-los por critérios quantificáveis mas não relevantes.

Como que é que se avalia um professor? Um bom professor é o que ensina bem e consegue transmitir o adquirido civilizacional das gerações passadas às gerações futuras, de modo que estas não tenham que partir sempre do zero, como propõem certas teorias pedagógicas em vigor. Um bom professor tem a consciência aguda que a escola é a única antepara de que a sociedade dispõe entre a civilização e a barbárie.

Mas para o governo a civilização é irrelevante e o adquirido está ultrapassado por definição. Mais uma vez: não podendo quantificar o que é importante, quantifica o que não interessa e avalia as pessoas por estes critérios.

O que está aqui em operação é um tipo muito especial de inteligência: a inteligência tecnico-burocrática. Esta inteligência está ao nível da duma alforreca, e não está ao alcance de qualquer um. Um grau tão elevado de estupidez exige pelo menos um MBA em gestão tirado nos EUA.

Mas é uma estupidez imprescindível. Sem ela, os políticos nunca poderiam acreditar na sua própria propaganda. Os professores, os médicos e tutti quanti têm mesmo que ser avaliados. Porquê? Ora, porquê! Porque «toda a gente sabe» que todos têm que ser avaliados, com excepção dos políticos e dos banqueiros.

É o que está a dar. De que outra explicação precisamos?

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns!
Gostei do seu texto!
Acrescento o seguinte: as calinadas que os governantes portugueses façam pouco interessam os que mandam em Portugal, desde que este país conserve as aparências (apenas) de Estado de direito, de democracia.
Para quem manda nisto (nas sedes dos conselhos de administração das grandes multinacionais), é apenas essencial que forneça mão de obra barata, in loco ou de exportação...

A «classe média portuguesa» é um conceito cada vez mais abstrato.

Manuel Baptista